domingo, agosto 23

 

CELEBRAR AMÁLIA NO SEU CENTENÁRIO E SEMPRE!

Celebramos o centenário do nascimento de Amália, personalidade que merece homenageens pelo que representa na cultura e música portuguesas. Se as pessoas são as suas circunstâncias, a excecionalidade de Amália ultrapassou as circuntâncis em que nasceu e engrandeceu-nos a todos nós.

Amália ultrapassou as nossas fronteiras e as da língua portuguesa, mas o feito maior terá sido trazer novas respirações, novos mundos ao fado, numa interpretação original e absoluta, de tal forma que se continua hoje a procurar gravações da fadista - os nossos parabéns ao projeto liderado por Frederico Santiago, que visa resgatar dos arquivos essas interpretações plenas de cor e brilho solar - .

Escutar Amália é sempre inspirador e traz-nos novas rotas.

É isso que celebramos neste centenário; a individualidade artística, irrepetível, de Amália! O que a diva reiventou, tendo conseguido levar o fado dos “acanhados” retiros para os grandes palcos sem o atraiçoar, porque o quando Amália canta o Pedro Rodrigues ou o Primavera, no Bobino de Paris ou no Town Hall, em Nova Iorque, é o fado no esplendor de uma voz que a ele se entrega em pleno.

Talvez porque nela encerra o que referenciamos ao fado, nostalgia, solidão, estranheza e paixão, como Amália o afirmou ela era o “prato forte do fado”, só não explicou como tudo isto se recriou em si, tornando-a, definitivamente, um padrão pelo qual todos se aferem, sem favor.

O fado na sua voz tornou-se um canto universal, muito antes de se ter tornado património da humanidade. Argentinos, franceses, japoneses, russos ou norte-americanos já se tinham rendido a este canto nascido em Lisboa, com todas as referências de uma cidade onde se acotelavam tradições longínquas  e antigas. É também todo este passado dramático que ressoa nas interpretações de Amália, sem peso de pecado ou culpa.

Uma voz que veio dos princípios  dos tempos, qual uma manhã clara, sem peias, uma nova aurora .

Amália inovou, trouxe  um canto renovado que nos motivou e nos emanou, a ponto de se ter confundido com a portugalidade. Quando estamos sempre na demanda  de um graal da nossa identidade, adotámo-la, não sem razão; a sua interpretação remete-nos para uma salinidade marítima e tem o talhe das pedras, numa solenidade quase religiosa.

É AMÁLIA e está tudo dito, uma interpretação plena de imaginação, cor e brilho, num contraste com os vestidos pretos que tanto usou.

Parabéns Amália e obrigado!

Pedro Almeida

 

 

 

domingo, dezembro 9

Em Defesa do Fado Tradicional





A 24 de Outubro de 2017 a APAF organizou um encontro, muito concorrido, no Museu do Fado, para debater o Fado Tradicional, tendo como premissa a sua defesa, ao considerarmos que, face à multitude musical e cultural, à promoção e interesse pela música de fusão, o fado na sua distinta e insígne vertente tradicional, correr risco de descaracterização.
A sessão foi moderada pelo nosso associado Nuno Lopes, e contou com a participação dos também associados Daniel Gouveia e António Rocha, e da presidente da APAF, Julieta Estrela.
Participaram vários elementos do público, António Rocha cantou acompanhado pelos músicos Jorge Silva, na guitarra portuguesa, e Paulo Ramos, na viola, que muito ajudaram a ilustrar a sessão com apontamentos fadistas.

domingo, julho 10

Guitarra portuguesa história de um instrumento de origem cortesã





Há tempos, fui abordado para escrever uma rubrica sobre um assunto polémico e delicado: o Fado.
Como amante do fado que sou, é evidente que me senti lisonjeado com tal distinção, embora sabendo que existem tantos amantes desta canção que apresentariam um currículo mais aliciante e favorável à escolha.
Aceitei mesmo assim o desafio, até porque ele veio ao encontro a um horizonte cultural que sempre pretendi dilatar, ponderando os prós e os contras, aventurei-me a dar uma opinião embora sumária sobre este assunto.
Ao iniciar esta rubrica, um problema de ordem cronológica deparou-se-me, escrever sobre fado como música e canto, ou fazer primeiro, uma abordagem à guitarra portuguesa.
A razão é simples, este instrumento de origem cortesã não consta ter sido mobilizada pelo Fado quando do seu aparecimento, embora não se possa dissociar o Fado da guitarra portuguesa. É um casamento perfeito.
Sem qualquer pretensão de investigador, começo por situar o primeiro método de estudo para guitarra, de António da Silva Leite, mestre de capela da cidade do Porto, onde nasceu a 23 de maio de 1759 onde veio a falecer a 19 de janeiro de 1833 com 74 anos. Silva Leite consagrou-se como músico erudito de grande sensibilidade.
Aos 28 anos abandonou os estudos eclesiásticos depois de ter recebido as ordens menores, talvez não tivesse sido alheio a esta vocação uma ilustre senhora de Taverede D. Antónia Magdalena de Quadros e Sousa, digníssima dama a quem o mestre de capela dedicou o estudo de guitarra em que se expõe o meio mais fácil para aprender a tocar este instrumento.
Este método foi publicado no dia 15 de março de 1796 e pode afirmar-se que fica uma data simbólica da nacionalidade de um instrumento inglês chamado cistre, ao qual Silva Leite chamou guitarra portuguesa. O preço de venda do opúsculo era 1.200 réis, e divide-se em duas partes: a primeira é sobre as técnicas utilizadas e as afinações, e a segunda sobre as melodias que podiam ser tocadas por este instrumento palaciano como minuettos, marchas, allegros, contradanças e os acordes mais simples para iniciados.
Em 1814 editou um “Tanto Ergo” a quatro vozes, que ainda hoje se pode ouvir em solenidades religiosas.
A guitarra de Silva Leite, segundo o meu amigo, o investigador e musicólogo José Lúcio Ribeiro de Almeida, um dos sócios fundadores da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, tinha
dez cordas distribuídas por seis ordens, onde as quatro primeiras eram duplas e a quinta e sexta simples, em bordão.
A afinação que Silva Leite usava na sua guitarra era a seguinte: Sol – Mi – Dó – Sol – Mi - Dó, afinação dada das cordas mais finas para as mais grossas. O sistema de afinação era mecânico em “leque” por chave de relógio e a escala do instrumento só tinha doze trastes (“trastes ou pontos”).
Atualmente, a guitarra de Lisboa tem doze cordas emparelhadas em seis ordens duplas e afina da aguda para o grave: Si – Lá – Mi – Si – Lá – Ré -.
A Guitarra de Coimbra, por seu turno, afina um tom a baixo da de Lisboa: Lá – Sol – Ré – Lá – Sol - Dó -, o que lhe confere uma  sonoridade mais toeira, mais “grave”, tendo uma técnica de tocar muito diferente da de Lisboa.
Foi longo o percurso das modificações efectuadas pelos guitarreiros desde a guitarra de Silva Leite ao actual, e tal como um fado vivido que nos alcança e não o desvendamos completamente.
Em qualquer país civilizado, onde a cultura é sentida pelos seus governantes, seria motivo de homenagem ao homem que conferiu a certidão de nascimento a um instrumento tão querido ao povo lusíada, que sempre cultivou a arte de a dedilhar e ouvir. Este instrumento tão régio, como popular, em que povo escreveu toda a sua história em música e poemas narrativos das classes sociais que necessitam ser ouvidas.
Em 1922 surgiu o quinzenário de literatura e poesia porta-voz do fado Guitarra de Portugal, propriedade do poeta João Linhares Barbosa, que elegeu a guitarra portuguesa como expressão
conseguida da nossa sensibilidade nacional.
Estaremos a eternizar uma mensagem histórica. Uma identidade a preservar.
Luis de Castro
Presidente do Concelho Fiscal da Associação Portuguesa dos
Amigos do Fado

quinta-feira, maio 26

Fados na abertura da exposição de Fernando Farinha






“A voz mais portuguesa de Portugal” é o título da exposição organizada pela Associação que é inaugurada no dia 01 de Junho às 18:00 no Espaço de Santa Catarina (Palácio Cabral), junto à igreja de St.ª Catarina, na calçada do Combro. Exposição dedicada ao grande fadista, compositor e letrista Fernando Farinha (1928-1988), que inclui fotografias, algumas inéditas, recortes de imprensa, cartazes e revela uma das mais surpreendentes facetas do “miúdo da Bica”, a de caricaturista.
A exposição realiza-se no âmbito das atividades da Junta de Freguesia da Misericórdia, a quem agradecemos toda a disponibilidade, e conta com a parceria da Fundação Manuel Simões, de Daniel Gouveia Edições e do Ateliê-Museu Júlio Pomar.
No dia da inauguração apresentamos uma sessão de fados com a participação de Maria de Fátima, Clara Cristão, Tiago Correia, Jorge Morgado, e todos os que quiserem participar, que serão acompanhados por Paulo Silva, na guitarra portuguesa, e Augusto Soares, na viola. Esta é a primeira iniciativa paralela à exposição, que ficará patente de terça a sexta-feira entre 15:00 e as 21:00, e aos sábados entre as 10:00 e as 16:00.
A Associação conta ainda organizar um outro momento de fado no dia 22 de junho, pelas 19:00, e projetar o filme “O miúdo da Bica”, seguido de uma conversa com o público, no dia 17, pelas 17:30. Esteja atento e siga-nos aqui.
A APAF agradece os apoios e os incentivos já recebidos, destacando, gratamente, o do advogado Nuno Siqueira, conhecido nome do meio fadista, que faciltou alguns objetos do seu espólio para expormos.

terça-feira, maio 24

Fernando Farinha

Entrada livre.

 Contamos consigo e traga um amigo

segunda-feira, maio 23

Exposição “A voz mais portuguesa de Portugal”




A Fundação Manuel Simões (FMS) associa-se à exposição sobre Fernando Farinha, “A voz mais portuguesa de Portugal”, organizada pela Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, que é inaugurada no dia 01 de Junho às 18:00 no Espaço de Santa Catarina (Palácio Cabral), junto à igreja de St.ª Catarina, na calçada do Combro.
Exposição dedicada ao grande fadista, compositor e letrista Fernando Farinha (1928-1988), que inclui fotografias, algumas inéditas, recortes da imprensa, cartazes e revela uma das mais surpreendentes facetas do “miúdo da Bica”, a de caricaturista.
“Esta exposição revela um fadista do qual nos vamos esquecendo, mas incontornável na história do fado, e um dos objetivos da Fundação é a divulgação do fado, e contribuir para o seu melhor conhecimento”, salienta a presidente da FMS, Rosa Amélia Piegudo.
“Esta exposição vai contar uma história de vida e, entre outros inéditos, revela a faceta de caricaturista de Fernando Farinha, algo que a maioria de nós desconhecia por completo”, enfatizou Rosa Amélia Piegudo.
A FMS estabeleceu uma parceria com a APAF, detentora do espólio de Fernando Farinha, no âmbito da qual intervém em diferentes áreas de trabalho, designadamente na organização do percurso expositivo e a montagem.



No dia da inauguração realiza-se uma sessão de fados com a participação de Maria de Fátima, Clara Cristão, Tiago Correia, Jorge Morgado, e todos os que quiserem participar, que serão acompanhados por Paulo Silva, na guitarra portuguesa, e Augusto Soares, na viola.
Esta é a primeira iniciativa paralela à exposição, que ficará patente de terça a sexta-feira entre 15:00 e as 21:00, e aos sábados entre as 10:00 e as 16:00.
No dia 22 de junho volta a realiza-se uma sessão de fados, e está previsto ainda a exibição do filme “O miúdo da Bica”, de Constantino Esteves, seguida de uma conversa com o público.
A exposição conta com o apoio da Junta de Freguesia da Misericórdia, e no âmbito da qual será editado um catálogo com uma biografia do criador de “Cinco bairros”.
No âmbito das parcerias esta exposição conta ainda com as de Daniel Gouveia Edições e do Ateliê-Museu Júlio Pomar.


A exposição fica patente até 24 de junho no seguinte horário: de terça a sexta-feira entre 15:00 e as 21:00, e aos sábados entre as 10:00 e as 16:00.
Esteja atento e siga-nos no facebook: https://www.facebook.com/fernando.farinha.5095.